O processo de conceção de uma indústria alimentar deve ser cuidadosamente executado, procurando sempre ir ao encontro das exigências do ponto de vista de eficiência produtiva, segurança sanitária e qualidade do produto final.
No artigo anterior procurou-se descrever sucintamente a primeira etapa dessa conceção, a de estudo prévio. Como handout desta fase é expectável a obtenção de um primeiro layout da unidade industrial.
Uma vez aprovado o estudo prévio, segue-se o anteprojeto propriamente dito. Nesta fase procura-se consolidar o estudo prévio desenvolvido, bem como preparar as bases para a realização dos projetos de licenciamento municipal / execução.
É nesta fase onde se abordam aspetos relevantes do projeto, tais como:
- definição da solução arquitetónica mais apropriada para a unidade industrial
- revisão da lista dos equipamentos, sejam eles afetos à produção propriamente dita, mas também de armazenagem, higienização, etc
- pormenorização e dimensionamento das instalações técnicas de apoio, nomeadamente água, eletricidade, ar comprimido, instalação frigorífica, vapor, etc
Assume por isso especial importância nesta fase a inclusão de outros elementos na equipa projetista, nomeadamente a equipa de arquitetura e engenharia, bem como os potenciais fornecedores das soluções tecnológicas.
No que se refere à solução arquitetónica, é fundamental que a mesma seja compatível com o funcionamento da unidade, e não conflitue com potenciais evoluções / ampliações da empresa. Aspetos como a modulação das estruturas de apoio, o tipo de cobertura, as características das paredes exteriores e interiores, o tipo de pavimento, localização dos esgotos, a localização e os tipos dos vãos, são alguns dos aspetos que devem ser abordados nesta fase, uma vez que têm extrema relevância no funcionamento da futura unidade.
Em relação aos equipamentos definidos na fase de estudo prévio para cada setor, assume especial importância nesta fase a sua pormenorização, em especial no que se refere às suas capacidades efetivas, bem como das suas necessidades (água, ar comprimido, eletricidade, vapor, esgoto dedicado, etc).
Neste passo deve haver a validação da capacidade de produção de cada equipamento de acordo com as propostas do mercado, a definição de equipamentos feitos por medida (se necessário), a adaptação entre as diferentes linhas de produção/ etapas de produção, e o cálculo/ajuste dos gargalos produtivos. Deste modo, garante-se que existem condições para ter um fluxo produtivo adequado e corretamente ajustado às necessidades das operações de limpeza e manutenção de cada processo produtivo.
Nesta fase do projeto deverá existir também uma definição concreta das instalações técnicas de apoio afetas à unidade produtiva.
Assume especial importância o cálculo das necessidades ao nível de força motriz e instalação frigorífica, pois são os principais consumidores de eletricidade.
Além da eletricidade, deverá nesta fase estimar-se as necessidades ao nível de outras instalações técnicas, em especial o AVAC, iluminação, ar comprimido, água, vapor, etc, de forma a assegurar que estão reunidos todos os requisitos para o funcionamento da unidade.
Um anteprojeto bem concebido consolida os pressupostos do funcionamento da unidade, servindo de input para as fases seguintes do projeto, mais especificamente os projetos de especialidades e licenciamentos diversos.